Este é um fato incontestável, a cerveja praticamente já se constitui numa verdadeira instituição cultural brasileira, sendo esta a bebida alcoólica mais consumida do país. Porém há uma grande constatação que as grandes indústrias cervejeiras não fazem questão de mostrar nos seus festivos e sensuais comerciais de televisão. Verdade é que se bebe no geral cerveja barata e de baixa qualidade. Não que isto seja uma exclusividade nossa, pois até mesmo vários países desenvolvidos bebem mal, como é o caso do americano médio, que bebe uma cerveja não tão superior à nossa.
População sem condições, cerveja fracas
O cerne da questão é que para que o brasileiro consumidor possa encontrar nas prateleiras de supermercado uma cerveja em torno de um real, é necessária uma tremenda contenção de custos de fabricação, incluindo principalmente a matéria prima.
Para explicar melhor, simplifiquemos a cerveja como sendo água fermentada com cereais, acrescida de lúpulo (planta cujo fruto dá o amargor da cerveja) e leveduras (fungos que otimizam a fermentação). Uma das questões chave para baratear o custo da cerveja é o tipo de cereal usado para sua fabricação. Os cereais mais adequados são os ditos maltados, principalmente a cevada.
Porém para “engrossar o caldo” colocam-se em grande quantidade, chegando-se a quase 50% da proporção, outros cereais mais baratos, como o arroz e o milho. Além disso, costuma-se diminuir a quantidade de cereais na cerveja, deixando-a menos saborosa e mais aguada ou mais “leve e refrescante” como dizem os comerciais.
Ou seja, quando você estiver tomando a sua Skol super gelada, cheio de orgulho, saiba que vai estar bebendo arroz e milho fermentados.
Falando nisso, porque será que foi imposta essa cultura da cerveja servida geladérrima? Simples! As bebidas muito geladas anestesiam os sensores gustativos linguais, inibindo a sensação do sabor em si, privilegiando mais a sensação térmica e praticamente escondendo verdadeiro gosto da cerveja. Ou seja, para você não perceber o gosto ruim que ela tem. Uma ligeira elevação da temperatura da cerveja é bastante reveladora e geralmente, decepcionantemente!
Mas nem tudo está perdido
Felizmente de alguns anos para cá, iniciou-se no Brasil, um “movimento” iniciado por várias micro cervejarias no Brasil inteiro, que vão em direção a uma cerveja de maior qualidade, sendo que boa parte delas utiliza como marketing a “lei da pureza alemã de 1516″.
As micro cervejarias já são em sua maioria profissionais, já podendo esquecer daquela ideia de “cerveja de fundo de quintal feita numa banheira”. As maiores contam com mestres cervejeiros experientes, muitos deles europeus, tendo a alta tecnologia como aliada.
A cerveja que elas produzem tendem a ter maior quantidade e melhor qualidade no malte empregado, sem que isso necessariamente implique numa maior concentração de álcool. Eis porque é impossível manter um alto padrão de produção e manter um preço páreo com os das grandes cervejarias.
No entanto essas cervejas são inegavelmente mais saborosas e com certeza a ausência da fermentação de cereais baratos proporciona um melhor dia seguinte para quem exagerar. Posso dizer por experiência própria que eu mesmo era até pouco tempo atrás como a maioria, bebedor de arroz e milho quase congelados e até achava que a Stella Artois era a melhor cerveja do mundo! Fui tendo contato com esse mundo maravilhoso das cervejas artesanais puro malte e hoje me pergunto como é que não percebia aquele gosto residual rançoso que hoje tanto me incomoda nestas Brahmas da vida?
O Brasil ainda está criando a identidade cervejeira, temos poucas cervejarias artesanais (Se comparado com outros países), mas creio que mais alguns anos, essa cultura estará amplamente difundida. Não gosta de cerveja? Compra uma de VERDADE, não formule a sua opinião após ter experimentado essas "baratinhas". Beleza?
Um forte abraço
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