O ano está acabando e eu me esquecendo de postar aqui no blog...
Enfim, vamos ao que interessa! Dias atrás, postei uma foto da cerveja Deus e logo perguntaram: "Não tem a Diabo?" e a resposta é sim, tem e várias! Então vamos celebrar com cervejas diabólicas! Opa.. não.. Afinal já falei que cerveja é coisa divina, mas vamos para estas cervejas que são bem inusitadas!
Diabólica, uma cerveja artesanal de Curitiba que
para ser um produto com conteúdo para boca-a-boca teve um toque de gênio do
mestre cervejeiro. Ele buscou um teor alcoólico de 6,66%. Não 6,65 e nem 6,67.
6,66%. Genial!
Diabo, demônio, belzebu, satanás, lúcifer. Estes
são apenas alguns dos nomes que se utilizam para designar o maligno, mas o que
é que isto tem a ver com cerveja ? Se dissermos que diabo em flamenco se diz
Duvel, já começa a fazer algum sentido!
A Duvel é uma das mais famosas cervejas do mundo,
de grande qualidade e definidora de um estilo. De fato, esta marca é muitas
vezes utilizada em provas internacionais como a cerveja de referência para as
Belgian Strong Ales. Pode haver melhores e também pode haver piores mas é a
partir da Duvel que se define o que é que está acima ou abaixo. É uma situação
semelhante ao que acontece com a Pilsner Urquell, que define o estilo pilsener.
A origem desta cerveja remonta a 1918, ano em que
Albert Moortgat decide criar um produto alusivo à vitória dos Aliados na 1ª
Guerra Mundial. Com o nome de Victory Ale, esta bebida teve logo algum sucesso
e subsistiu com essa designação até 1923. Nessa altura, um amigo de Moortgat
experimentou a cerveja e saiu-se com a expressão "nen echten duvel",
que em português significa algo como "que diabo de cerveja". Não
sabemos as circunstâncias que se seguiram, mas o que é certo é que a Victory
Ale se passou a chamar Duvel, nome que permanece até aos nossos dias.
A Moortgat é uma pequena cervejeira independente
belga que, apesar do seu tamanho, tem uma excelente distribuição e fortes
preocupações comerciais. Para além da Duvel, produz também as excelentes
Maredsous e as já não tão boas St. Sebastiaan, entre outras. No entanto, a
Duvel é a marca-âncora desta empresa, representando entre 80 a 85% do total de
vendas. Esta cerveja tem um aspecto magnífico que é realçado quando servida no
copo adequado, um copo Duvel em formato de tulipa que permite o correcto
desenvolvimento da fantástica espuma. Deve-se frisar que estamos em presença de
um produto mais de degustação do que propriamente para matar a sede, já que os
8,5% de álcool não perdoam os mais incautos.
Curiosamente, o sucesso comercial da Duvel atraiu
outras empresas que, aproveitando a fama do nome, criaram produtos similares e
que,dada a sua designação, facilmente são associadas àquela marca. Assim, foram
surgindo ao longo dos anos marcas como as francesas Belzebuth (da Brasserie
Grain d'Orge) e Bière du Demon (da Les Brasseurs De Gayant), as belgas Judas
(da Brasserie Union), Satan (da De Block Brouwerij) e Lucifer (da Riva
Brouwerij), a italiana Demon Hunter (da Birrificio Montegioco) e várias
americanas das quais se destacam a Horny Devil (da Ale Smith Brewing Company) e
a Rapscallion Premier (da Concord Brewery) - note-se que rapscallion significa
em inglês pessoa má ou alguém que faz mal deliberadamente.
Muitas outras se podiam enumerar mas parece-me que
estas são suficientes para demonstrar a importância do nome Duvel e a plêiade
de cervejas do estilo Belgian Strong Ale que surgiram a partir dela.
Para quem quiser degustar mais cervejas demoníacas,
outro rótulo obrigatório é a canadense Maudite,da cervejaria Unibroue. O rótulo
traz uma barca voadora levando pobres almas diretamente para o inferno, logo
acima de um satisfeito diabo. O líquido é sensacional, simplesmente a cerveja
que mais remete a damascos que conheço.
Apreciem essas delícias "amaldiçoadas"