terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cervejas Diabólicas


O ano está acabando e eu me esquecendo de postar aqui no blog... 
Enfim, vamos ao que interessa! Dias atrás, postei uma foto da cerveja Deus e logo perguntaram: "Não tem a Diabo?" e a resposta é sim, tem e várias! Então vamos celebrar com cervejas diabólicas!  Opa.. não.. Afinal já falei que cerveja é coisa divina, mas vamos para estas cervejas que são bem inusitadas!


Diabólica, uma cerveja artesanal de Curitiba que para ser um produto com conteúdo para boca-a-boca teve um toque de gênio do mestre cervejeiro. Ele buscou um teor alcoólico de 6,66%. Não 6,65 e nem 6,67. 6,66%. Genial!


Diabo, demônio, belzebu, satanás, lúcifer. Estes são apenas alguns dos nomes que se utilizam para designar o maligno, mas o que é que isto tem a ver com cerveja ? Se dissermos que diabo em flamenco se diz Duvel, já começa a fazer algum sentido!


A Duvel é uma das mais famosas cervejas do mundo, de grande qualidade e definidora de um estilo. De fato, esta marca é muitas vezes utilizada em provas internacionais como a cerveja de referência para as Belgian Strong Ales. Pode haver melhores e também pode haver piores mas é a partir da Duvel que se define o que é que está acima ou abaixo. É uma situação semelhante ao que acontece com a Pilsner Urquell, que define o estilo pilsener.

A origem desta cerveja remonta a 1918, ano em que Albert Moortgat decide criar um produto alusivo à vitória dos Aliados na 1ª Guerra Mundial. Com o nome de Victory Ale, esta bebida teve logo algum sucesso e subsistiu com essa designação até 1923. Nessa altura, um amigo de Moortgat experimentou a cerveja e saiu-se com a expressão "nen echten duvel", que em português significa algo como "que diabo de cerveja". Não sabemos as circunstâncias que se seguiram, mas o que é certo é que a Victory Ale se passou a chamar Duvel, nome que permanece até aos nossos dias.

A Moortgat é uma pequena cervejeira independente belga que, apesar do seu tamanho, tem uma excelente distribuição e fortes preocupações comerciais. Para além da Duvel, produz também as excelentes Maredsous e as já não tão boas St. Sebastiaan, entre outras. No entanto, a Duvel é a marca-âncora desta empresa, representando entre 80 a 85% do total de vendas. Esta cerveja tem um aspecto magnífico que é realçado quando servida no copo adequado, um copo Duvel em formato de tulipa que permite o correcto desenvolvimento da fantástica espuma. Deve-se frisar que estamos em presença de um produto mais de degustação do que propriamente para matar a sede, já que os 8,5% de álcool não perdoam os mais incautos.

Curiosamente, o sucesso comercial da Duvel atraiu outras empresas que, aproveitando a fama do nome, criaram produtos similares e que,dada a sua designação, facilmente são associadas àquela marca. Assim, foram surgindo ao longo dos anos marcas como as francesas Belzebuth (da Brasserie Grain d'Orge) e Bière du Demon (da Les Brasseurs De Gayant), as belgas Judas (da Brasserie Union), Satan (da De Block Brouwerij) e Lucifer (da Riva Brouwerij), a italiana Demon Hunter (da Birrificio Montegioco) e várias americanas das quais se destacam a Horny Devil (da Ale Smith Brewing Company) e a Rapscallion Premier (da Concord Brewery) - note-se que rapscallion significa em inglês pessoa má ou alguém que faz mal deliberadamente.




Muitas outras se podiam enumerar mas parece-me que estas são suficientes para demonstrar a importância do nome Duvel e a plêiade de cervejas do estilo Belgian Strong Ale que surgiram a partir dela.

Para quem quiser degustar mais cervejas demoníacas, outro rótulo obrigatório é a canadense Maudite,da cervejaria Unibroue. O rótulo traz uma barca voadora levando pobres almas diretamente para o inferno, logo acima de um satisfeito diabo. O líquido é sensacional, simplesmente a cerveja que mais remete a damascos que conheço.


Apreciem essas delícias "amaldiçoadas"